terça-feira, 17 de julho de 2007

SE EU FOSSE EU!


Algumas pessoas têm uma enorme sensibilidade com as palavras e deixam marcas em nossas emoções. Clarice é uma dessas pessoas, lida com as palavras como se elas exalassem um doce perfume, um aroma sutil que nos entorpece os sentidos. Deixa-nos a vontade para criar uma intimidade com seu propósito, nos torna cúmplices de seus questionamentos.

Argumenta: - Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, começo a perguntar a mim mesma: "Se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, por onde começaria?". Às vezes funciona, mas muitas vezes fico tão impressionada com a pergunta SE EU FOSSE EU que começo a pensar, diria melhor, sentir.

Pergunta: - Experimente: Se você fosse você,o que seria e o que faria?

Boa pergunta! O que faria? Nós acomodamos em tantas coisas, em padrões. Quantos medos implantados ao longo dos anos. Então é hora de literalmente surtar, nos abrir para nós mesmos, nos desnudar, mostrarmos nossa face. Como será que realmente somos nestes tempos de tantos valores mutáveis, de novos conceitos e culturas radicais? Onde nos encaixamos? Como sou ou estou?

Que estranho,será que o que sinto é constrangimento? Medo? E se eu não me reconhecer? E se não me reconhecerem? Tenho certeza que a mudança será incrível.
Faria o que vejo na tela do computador da minha alma e dançaria ao som do vento e a mercê do aroma das matas. Beberia da água da minha alma e cantaria as musicas do meu coração, loucuras sem fim em tempos de mudança para uma vida de belezas.De fé no futuro, sem temer o desconhecido.

Estou sorrindo? Como Clarice sabe mexer com nossa alma! Ela diz: - "Mas tenho uma forte intuição de que passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, nós poderíamos,por fim, ter a verdadeira experiência do mundo; esta é a nossa dor,aquela que aprendemos a não sentir, mas por outro lado, seriamos tomados por um êxtase da mais pura e legitima felicidade que mal posso adivinhar.

Não, acho que já estou adivinhando, pois me peguei sorrindo e senti uma espécie de pudor que se tem diante daquilo que é grande demais!

Quem é Clarice, quem mais poderia ser senão Lispector!